Poesias

Amor

É essa voz contínua a gritar
Mandando-me pular de olhos fechados,
Que pede para seguir em frente
Sem nunca olhar para os lados.
Que não vê os problemas que enfrenta
O amor sabe perdoar,
É a razão que nos tira a razão
Sem motivos para amar.
É andar de mãos dadas na vida
Sem ter medo de morrer,
O melhor presente para os homens
Que Deus já pôde conceder.
Sentir dentro do peito a certeza
De que alguém ao longe o chama,
É estar distante do mundo
Mas perto de quem se ama.
Apostar tudo num jogo perdido
Tomar um banho de chuva na rua,
Não ter tempo de olhar ao relógio
Sabendo que a vida continua.
É chorar, quando a moda é sorrir
É falar, quando o certo é mentir,
É voar entre as nuvens do céu
Sem nunca provar o amargo do mel.
Não esperar o resultado da luta
Confiante que a vitória virá,
É ficar cada hora do lado
Que o pesadelo ameace chegar.
É perder os sonhos por quem se ama
Fazer um brinde com a felicidade,
Dar a vida por quem se gosta
Amar até a eternidade.









O fim da eternidade


Eu vi do fundo do poço em que caí,
Todas as coisas que na vida eu perdi.
Todos os amigos que de mim se afastaram,
E as pessoas que um dia me amaram.
Graças ao monstro que eu me tornei,
Perdi tudo que por muito tempo lutei.
E de lá de baixo é que fui admirar,
O brilho das estrelas que nunca pude notar.
Com essa queda, por dentro eu me feri,
Mas nessa hora que para o mundo eu nasci.
E abri os olhos para tudo que eu ignorava,
Vendo que nada era como eu pensava.
Perdi muito tempo brincando de amar,
E vivi procurando, tentando me achar.
Um anjo despencando do céu,
E provando o sabor amargo do mel.
Eu aprendi a vencer nas derrotas,
E para mim o resto nada mais importa.
Eu fiz as perguntas certas, às pessoas erradas,
E as respostas que recebi não me agradavam.
Estou lutando uma luta em vão,
Procurando minha perdida perfeição.
Estou buscando o que há de melhor em mim,
Descobrindo que a vida não é tão simples assim.
Vi as verdades que não queria enxergar,
Um mundo mais próximo a me abandonar.
Aprendendo a viver, tentando não cair,
E os espinhos da mentira continuam a me ferir.
Jogando esse jogo banal,
Só pra cumprir essa sina imoral.
Que os homens colocaram à tua frente,
Impedindo-te de seguir um caminho diferente.
Busquei o fim desta tua eternidade,
Atrás desta paz tão cheia de maldade.








Catedral


Mesmo que o sonho seja alto
E as minhas mãos pequenas demais para alcançar
Mesmo que uma voz grite ao meu ouvido
Que eu devo pular.
Mesmo que a música ao longe seja triste
E me faça chorar
Mesmo que a pessoa que eu amo
Nunca queira me amar.
Mesmo que a flor que desabrochou essa manhã
Morra no fim da tarde
Mesmo que a luz que ilumina minha vida
Um dia se acabe.
Mesmo que o pássaro que canta alegre
Não possa voar
Mesmo que os meus desejos sombrios
Nunca possam se realizar.
Mesmo que essas forças escuras
Me empurrem para o mal
Mesmo que o som que eu escuto
Jamais esteja na catedral.
Mesmo que as vontades humanas
Sejam mórbidas demais para mim
Mesmo que a eternidade que eu tanto procuro
Chegue sempre ao fim.
Não é nenhum destes o motivo
Que fazem a minha vida desistir
Mesmo que a rosa que eu plantei
Nunca chegue a florir.
Ainda assim continuarei vivendo
Certa de a vitória um dia virá
Mesmo que as pessoas ao meu redor
Sempre me façam chorar.